TESOUROS DA AMÉRICA
Por ocasião da celebração do Dia Internacional dos Museus, dar-se-á em 18 de maio a abertura virtual da exposição Tesouros da América, que apresenta obras de 29 artistas chilenos. A exposição estava programada para ser realizada fisicamente no Centro Cultural de Cascais, em Portugal, mas foi adiada, devido à pandemia que nos afeta. A extraordinária ideia de fazer a exposição em modo virtual foi concebida, projetada e construída pela Fundação D. Luís I, entidade gestora do Centro Cultural de Cascais, com a colaboração dos próprios artistas e curadores, e pode ser vista na Internet, através do site www.fundacaodomluis.pt.
Em celebração dos 500 Anos da Descoberta, feita pelo navegador português Fernão de Magalhães, do estreito que tem o seu nome no sul do Chile, foi acordado o projeto, entre estes 29 artistas chilenos, de realizar uma exposição em Portugal. Para isso, foi contatado o Arqº Luis Manuel Pereira, diretor da revista ARQA, de arte e arquitetura, publicada na cidade de Lisboa e que conta com grande prestígio internacional. L. M. Pereira visitou posteriormente o nosso país e aproveitou para ver as obras dos artistas que compõem o grupo.
É necessário agradecer o compromisso do Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Dr. Carlos Carreiras, e do Presidente da Fundação D. Luís I, Prof. Salvato Teles de Menezes, que aceitaram o projeto da exposição, o que resultou num grande esforço humano e financeiro. Também é importante agradecer à Arqª Isabel Alvarenga, coordenadora do Centro Cultural de Cascais, que orientou uma grande equipa responsável pela organização física e virtual da exposição Tesouros da América.
O Centro Cultural de Cascais é um edifício de grande beleza e tem o espaço necessário para apresentar o trabalho dos 29 artistas chilenos, os quais têm uma trajetória importante, tanto no Chile como no resto da América Latina.
O catálogo de Tesouros da América permite que o passado coexista com o presente, pelo que é feita referência à passagem de Gabriela Mistral pela cidade de Lisboa, ao filme de Raúl Ruiz, Mistérios de Lisboa, rodado em Sintra, e a Guillermo Muñoz Vera, mestre chileno que vive em Chinchón, Espanha, e que pinta os mundos de um povo navegante. É essa a base sólida da mostra. Ver estes trabalhos num local de primeira classe como Cascais é um orgulho para a divulgação da arte nacional.
Importa ainda sublinhar o patrocínio do nosso embaixador, Don Pedro Pablo Díaz, que tem sido fundamental. Destaca-se também a colaboração dos empresários Luis Fernando del Valle e Décio Frades pelo apoio financeiro.
Ernesto Muñoz, Curador da Exposição Presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) – Secção Chilena
DA iBÉRIA À LATINIDADE CRIATIVA
A passagem há 500 anos do estreito de Magalhães trouxe ao Mundo Moderno um conceito novo: a mundialização, uma vez que a união de dois oceanos nos confins do mundo abriu à Humanidade a dimensão do planeta. A síntese deste feito está na expansão e na conectividade que foram a génese daquilo que hoje apelidamos de globalização, realidade que tem como ferramenta fundacional a língua e como veículo o mar.
Fernão de Magalhães e Sebastian Elcano, oriundos desta península que o Nobel da Literatura português sonhou e transformou em Jangada de Pedra, uma Ibéria flutuante imaginada como uma atopia genética de dois povos que se libertam das amarras castradoras do Velho Continente para dialogar com o Mundo.
Quebradas as barreiras do mar grego ou romano, que era finito, cruzaram o Atlântico que, como disse Fernando Pessoa, é o mar sem fim e uniram-no com o mar do Sul, o Pacifico, alargando assim a infinidade. Desse horizonte sem fim nasceu uma mescla cultural cuja riqueza vem de Camões e Cervantes mas também de Drummond de Andrade e Alejo Carpentier. Essa expansão pelos mares ligou duas línguas, o português e o espanhol, que hoje são faladas por mais de 600 milhões de pessoas em cerca de 30 países ao redor do planeta, acrescentadas com neologismos e sonoridades crioulas de uma riqueza imagética cuja representação visual está nos 29 artistas chilenos destes "Tesouros da América", aqui temperada com a singularidade mágica pré-colombiana.
Se a dimensão do mar não tem fim, a dimensão de duas línguas, o português e o espanhol, que se expandiram e ligaram em África, América Latina e Europa, é um meio cultural gerador de dinâmicas que aproximam povos e nações quebrando preconceitos para uma nova universalidade.
E essa universalidade, uma força que reside no triângulo dos três continentes, contém uma pluralidade identitária única e um entendimento multifacetado que queremos preservar e alargar, como se pode ver por esta excelente exposição que é apresentada nas salas do Centro Cultural de Cascais.
Carlos Carreiras
TESOUROS DA AMÉRICA
Tesouros da América é uma das mais importantes exposições em Cascais, integrando a excecional programação de 2020 do Centro Cultural de Cascais numa altura em que celebramos cinco anos de atividade do conceito inovador que o Bairro dos Museus é e em que o Mundo celebra os 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães.
Unindo estas duas celebrações, e renovando a forte aposta do Município na Cultura, consubstanciando a estratégia definida para esta área pelo Presidente da Câmara, Carlos Carreiras, é com grande orgulho que a Fundação Dom Luís I, responsável pela programação do Bairro dos Museus, e a Câmara Municipal de Cascais, em parceria com a Embaixada do Chile e a AICA-Secção Chile, apresentam, pela primeira vez em Portugal, obras de 29 artistas chilenos contemporâneos, no âmbito das comemorações da viagem de Fernão de Magalhães.
Salvato Teles de Menezes
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